quarta-feira, 14 de maio de 2008 |
Na passagem do ano de 67, houve uma grande festa de fim de ano na casa de Heloisa Buarque de Hollanda. Jovens se reuniram para comemorar a chegada de 68. A festa estava cheia de jovens com idéias borbulhantes em suas cabeças, com livre acesso a bebida e sexo. Durante a festa o clima de descontração foi crescendo, a inibidade ficava de lado e as idéias revolucionárias tomavam parte das conversas. Aí estava o início de tudo. Todos se juntando para o bem de sua geração. Os jovens preparavam manifestações estudantis contra o governo.
Nos primeiros meses, muitas das manifestações tinham sido reprimidas com violência. O movimento dos estudantes não manifestava-se somente contra a ditadura, mas também contra a política educacional do governo.
Chico Buarque era um dos defensores das causas estudantis. cantou músicas como “Roda-Viva”, que apoiava a revolução, e que também foi nome da peça de José Celso Martinez, que era completamente inovadora e revolucionaria. A música que embalou os estudantes na época foi "Pra não dizer que não falei das rosas"; de Geraldo Vandré.
Com o teatro não foi diferente. A ditadura aparentava ser a personagem principal desse capítulo ruim de uma história, que mais parecia uma tragédia. Assim como a maioria das artes da época, o teatro estava vivendo a pior de sua fase. Os teatros do Rio e São Paulo estavam em greve, liderados por Cacilda Becker, Glauce Rocha, Tônia Carrero, Ruth Escobar e Walmor Chagas. Mas os atores e diretores não se curvaram. Criaram língua cifrada, trocando palavras por gestos e assim passando a mensagem que normalmente seria censurada se fosse da forma convencional. O teatro se escorçou para, dentro das condições da época, sobreviver.
No dia 26 de julho, mais de 100 mil jovem lotaram as ruas do centro do Rio de Janeiro, enquanto realizavam o mais importante protesto contra a ditadura militar. A manifestação cobrava do governo uma postura diante dos problemas estudantis, que ao mesmo tempo mostrava insatisfação da juventude. Além dos estudantes, a manifestação tinha o apoio de intelectuais, artistas, padres e grande número de mães. Foram três horas de manifestações que acabou sem conflitos.
Durante uma reunião marcada pelo presidente Costa e Silva com os líderes da sociedade civil, foram pedidas à liberação de estudantes detidos, o fim da censura e a abertura do restaurante Calabouço, o que foi negado. Estaria aí começando a mais violenta repressão contra o movimento estudantil.
1968 teve uma importância única para o futuro daquela geração. Foi a partir dali que a reestruturação do Brasil seria feita. Foi um ano que não acabou, como diz o título, pois ainda estamos ligados àqueles tempos. 68 foi apenas um ponto de partida para que a sociedade fosse transformada.
quarta-feira, 7 de maio de 2008 |
O Plano do Inimigo INuma daquelas manhãs eu já estava agoniado, sem ter nada pra fazer, quando tive uma grande idéia. Comecei a pensar como iria executar aquele plano que borbulhava em minha mente. Durante a tarde ainda pensando em como agir, passeando pelo jardim, vi uma criatura que, naquele momento, parecia minha melhor amiga: a cobra.
Não foi difícil convencê-la a me ajudar naquele plano que era infalível. Todas as criaturas naquele lugar estavam de saco cheio daquela vida pacata, aquela vidinha medíocre, de fofoca e sem nada pra fazer.
Durante a noite, enquanto minha parceira dormia, eu a possuí. Tomei conta daquele corpo que rastejava pelo chão.
Quando amanheceu, tudo parecia incrivelmente bom. É claro! Sempre fui invejado em tudo que fiz, em tudo mesmo!
Cheguei de mansinho, como quem não queria nada. Eva se assustou ao me ver puxando assunto, mas logo me fiz de amiga e lhe ofereci uma maçã, a única que ela não podia comer. Mas com um toque de mentira, ela se convenceu e comeu. Tudo que eu queria agora acontecia.
Eu acabei com aquela palhaçada de intimidade. Eva não estava satisfeita com aquela vidinha de fofoca com Deus. Ela queria muito mais. Queria liberdade, desfrutar de tudo que a vida tinha pra lhe oferecer. Eu só dei um empurrãozinho pra ela perceber isso. Assim, acabou passando pro meu lado. O homem de lama também. Não só eles, como milhares que nasceram depois.
O Plano do Inimigo IINuma das manhãs ele parecia estar muito agoniado. Sem ter nada pra fazer, em seu canto, parecia muito pensativo. Estava com um tom de mistério.
Durante a tarde, ele e uma cobra conversavam. Com aquelas caras de crianças quando aprontam, eles aparentavam estar bolando algum plano. Durante a noite, algo diferente estava acontecendo com a cobra. Logo ao amanhecer, todos perceberam que ela não parecia a mesma.
A Cobra surgiu para conversar com Eva, chegando de mansinho, como quem não queria nada. Eva se assustou ao ver a cobra puxando assunto, mas ficou tranqüila ao receber uma maçã de presente, a única que não poderia ser comida por ela. Com um toque de mentira traiçoeira, a cobra convenceu a provar a fruta proibida. Tudo que eles haviam planejado estava acontecendo.
Eles acabaram com aquela palhaçada de intimidade. Eva não estava satisfeita com aquela vidinha de fofoca com Deus. Ela queria muito mais. Queria liberdade, desfrutar de tudo que a vida tinha para lhe oferecer. Eles só deram um empurrãozinho para ela perceber isso. Assim acabou passando para seu lado. O homem de lama também. Não só ele como milhares que nasceram depois.