Foco Narrativo
O Plano do Inimigo I

Numa daquelas manhãs eu já estava agoniado, sem ter nada pra fazer, quando tive uma grande idéia. Comecei a pensar como iria executar aquele plano que borbulhava em minha mente. Durante a tarde ainda pensando em como agir, passeando pelo jardim, vi uma criatura que, naquele momento, parecia minha melhor amiga: a cobra.
Não foi difícil convencê-la a me ajudar naquele plano que era infalível. Todas as criaturas naquele lugar estavam de saco cheio daquela vida pacata, aquela vidinha medíocre, de fofoca e sem nada pra fazer.
Durante a noite, enquanto minha parceira dormia, eu a possuí. Tomei conta daquele corpo que rastejava pelo chão.
Quando amanheceu, tudo parecia incrivelmente bom. É claro! Sempre fui invejado em tudo que fiz, em tudo mesmo!
Cheguei de mansinho, como quem não queria nada. Eva se assustou ao me ver puxando assunto, mas logo me fiz de amiga e lhe ofereci uma maçã, a única que ela não podia comer. Mas com um toque de mentira, ela se convenceu e comeu. Tudo que eu queria agora acontecia.
Eu acabei com aquela palhaçada de intimidade. Eva não estava satisfeita com aquela vidinha de fofoca com Deus. Ela queria muito mais. Queria liberdade, desfrutar de tudo que a vida tinha pra lhe oferecer. Eu só dei um empurrãozinho pra ela perceber isso. Assim, acabou passando pro meu lado. O homem de lama também. Não só eles, como milhares que nasceram depois.

O Plano do Inimigo II

Numa das manhãs ele parecia estar muito agoniado. Sem ter nada pra fazer, em seu canto, parecia muito pensativo. Estava com um tom de mistério.
Durante a tarde, ele e uma cobra conversavam. Com aquelas caras de crianças quando aprontam, eles aparentavam estar bolando algum plano. Durante a noite, algo diferente estava acontecendo com a cobra. Logo ao amanhecer, todos perceberam que ela não parecia a mesma.
A Cobra surgiu para conversar com Eva, chegando de mansinho, como quem não queria nada. Eva se assustou ao ver a cobra puxando assunto, mas ficou tranqüila ao receber uma maçã de presente, a única que não poderia ser comida por ela. Com um toque de mentira traiçoeira, a cobra convenceu a provar a fruta proibida. Tudo que eles haviam planejado estava acontecendo.
Eles acabaram com aquela palhaçada de intimidade. Eva não estava satisfeita com aquela vidinha de fofoca com Deus. Ela queria muito mais. Queria liberdade, desfrutar de tudo que a vida tinha para lhe oferecer. Eles só deram um empurrãozinho para ela perceber isso. Assim acabou passando para seu lado. O homem de lama também. Não só ele como milhares que nasceram depois.