Nos primeiros meses, muitas das manifestações tinham sido reprimidas com violência. O movimento dos estudantes não manifestava-se somente contra a ditadura, mas também contra a política educacional do governo.
Chico Buarque era um dos defensores das causas estudantis. cantou músicas como “Roda-Viva”, que apoiava a revolução, e que também foi nome da peça de José Celso Martinez, que era completamente inovadora e revolucionaria. A música que embalou os estudantes na época foi "Pra não dizer que não falei das rosas"; de Geraldo Vandré.
Com o teatro não foi diferente. A ditadura aparentava ser a personagem principal desse capítulo ruim de uma história, que mais parecia uma tragédia. Assim como a maioria das artes da época, o teatro estava vivendo a pior de sua fase. Os teatros do Rio e São Paulo estavam em greve, liderados por Cacilda Becker, Glauce Rocha, Tônia Carrero, Ruth Escobar e Walmor Chagas. Mas os atores e diretores não se curvaram. Criaram língua cifrada, trocando palavras por gestos e assim passando a mensagem que normalmente seria censurada se fosse da forma convencional. O teatro se escorçou para, dentro das condições da época, sobreviver.
No dia 26 de julho, mais de 100 mil jovem lotaram as ruas do centro do Rio de Janeiro, enquanto realizavam o mais importante protesto contra a ditadura militar. A manifestação cobrava do governo uma postura diante dos problemas estudantis, que ao mesmo tempo mostrava insatisfação da juventude. Além dos estudantes, a manifestação tinha o apoio de intelectuais, artistas, padres e grande número de mães. Foram três horas de manifestações que acabou sem conflitos.
Durante uma reunião marcada pelo presidente Costa e Silva com os líderes da sociedade civil, foram pedidas à liberação de estudantes detidos, o fim da censura e a abertura do restaurante Calabouço, o que foi negado. Estaria aí começando a mais violenta repressão contra o movimento estudantil.
1968 teve uma importância única para o futuro daquela geração. Foi a partir dali que a reestruturação do Brasil seria feita. Foi um ano que não acabou, como diz o título, pois ainda estamos ligados àqueles tempos. 68 foi apenas um ponto de partida para que a sociedade fosse transformada.
